
O deputado estadual Waldemar Borges (PSB), não escondeu o distanciamento com o prefeito de Gravatá, Joselito Gomes, em entrevista exclusiva ao Diário Gravatá. “Estou à disposição para contribuir com o projeto político de Gravatá, ao qual sou fiel há mais de dez anos, mas só entro em ambientes onde sou bem quisto”, afirmou. Apesar do afastamento, o parlamentar disse não estar rompido com o atual mandatário da Prefeitura de Gravatá.
Waldemar Borges despistou sobre uma possível candidatura a prefeito de Gravatá, afirmando que “não é uma realidade”. Mas disse estar aberto a discussões com o grupo. “Sou uma pessoa que faz política em grupo e estou aberto a discutir qualquer perspectiva com o grupo, mas isso não significa que exista uma candidatura ou pré-candidatura definida”, ponderou.
O pesebista criticou a maneira como as exonerações de Lucas Noia, ex-chefe de gabinete, e Edson Souza, ex-secretário de saúde, figuras ligadas ao mesmo, foram realizadas, classificando-as como desrespeitosas. “Fui contra pela maneira como foram feitas”, explicou. Além disso, Borges comentou sobre o vice-prefeito Darita, dizendo que ele “não foi tratado com o respeito que merecia”.
Na mesma entrevista, Borges abordou as denúncias feitas relacionadas à gestão de Joaquim Neto (PSDB), seu desafeto político, no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Ele também fez avaliações sobre o primeiro ano da nova legislatura na Alepe, das gestões de Raquel Lyra no governo estadual, e de Lula no governo federal. Leia a entrevista completa a seguir.
Pergunta: O senhor está exercendo o seu quarto mandato como deputado estadual. A partir disso, qual a sua avaliação do primeiro ano desta nova legislatura?
Resposta: Estou em meu quarto mandato como deputado estadual, sendo o primeiro na oposição. Isso não altera quem eu sou, meus valores ou o que defendo, mas muda a forma de atuação na Assembleia. Durante o governo de Eduardo Campos, fui líder dele na Assembleia e também de João Lyra, que era vice de Eduardo e assumiu por um período. Nesse tempo, também atuei como líder do governo dele. No início do governo de Paulo Câmara, fui líder, mas depois pedi dispensa dessa função. Essa posição me fazia defender as iniciativas do governo e discutir políticas públicas desenvolvidas.
Hoje, meu papel principal é garantir que não haja retrocessos, especialmente na área da educação. Assumi a presidência da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia, comprometido em evitar retrocessos na educação pública oferecida pelo governo estadual de Pernambuco. Este ano foi muito proveitoso nesse aspecto. Conseguimos promover bons debates sobre a situação educacional e acompanhamos de perto o desempenho do setor. Mantive uma relação respeitosa e fiscalizadora com a Secretaria de Educação, mantendo-me aberto e disposto a um diálogo democrático.
Enfrentamos preocupações gerenciais na educação, como dificuldades na merenda e falta de materiais nas escolas. A questão salarial e os atrasos no FUNDEF, que não foram aplicados universalmente, apenas para os que estavam abaixo do piso, também foram alvo de nossa atenção. Estamos vigilantes e críticos quanto a esses aspectos gerenciais, além de preocupados com o conteúdo pedagógico, para evitar retrocessos.
Além disso, dediquei-me à fiscalização geral das políticas públicas, cobrando responsabilidade da oposição sem adotar a postura de “quanto pior, melhor”. Para mim, o pior realmente afeta o povo, e não os políticos que se beneficiam eleitoralmente de situações adversas. Minha política visa melhorar a vida das pessoas. Este ano foi diferente para mim, assumindo um papel distinto, mas igualmente importante. O governo tem em mim um opositor atento.
Pergunta: Nesta nova legislatura, a Alepe tem na presidência o deputado estadual Álvaro Porto (PSDB). Atualmente, observa-se um protagonismo maior da Casa. Como o senhor a presidência de Álvaro Porto na Alepe?
Resposta: Avalio a presidência de Álvaro Porto na Alepe de forma positiva. Sob sua liderança, a Casa ganhou um protagonismo maior. Há muitos anos, Álvaro e eu somos colegas na assembleia, embora ele tenha vindo de um campo oposto ao nosso, sendo opositor dos nossos governos. Devo destacar que, na presidência da Alepe, ele tem demonstrado isenção e uma defesa firme do poder legislativo, o que considero extremamente relevante.
Essa postura é importante tanto para o funcionamento cotidiano da assembleia quanto para o momento político que vivemos, em que a democracia no país ainda enfrenta desafios e ameaças, como foi evidenciado no episódio de 8 de janeiro, com indivíduos buscando um retrocesso à ditadura. Nesse contexto, é crucial que os poderes sejam fortalecidos. A atuação de Álvaro Porto na presidência tem, de fato, fortalecido a Casa Legislativa, e isso merece ser reconhecido e valorizado de maneira muito positiva.
Pergunta: A governadora Raquel Lyra afirmou que este primeiro ano foi para “arrumar a casa”. O senhor acredita que a casa estava desorganizada? Foi reorganizada? Como avalia o primeiro ano do governo Raquel Lyra?
Resposta: Não considero que a casa estivesse desorganizada. Os números comprovam isso. É claro que nenhum estado brasileiro é um paraíso, financeiramente falando, e todos enfrentam desafios graves. Raquel Lyra, ao se candidatar, já deveria saber disso e não poderia esperar encontrar um estado sem problemas. Obviamente, havia problemas, mas, dentre os estados brasileiros, Pernambuco estava em uma situação relativamente boa, com finanças organizadas. É natural que um novo governo leve um tempo para se familiarizar com a máquina administrativa, mas, na minha avaliação, a governadora demorou, e ainda está demorando, para começar a governar efetivamente. Mesmo se Pernambuco estivesse em uma situação difícil, o que não era o caso, ela perdeu um ano, um quarto do seu mandato, focada no passado e fazendo pouco pelo futuro. Considero o governo dela lento, principalmente levando em conta que a situação de Pernambuco não era calamitosa.
Na minha visão, a governadora está demorando para assumir verdadeiramente as rédeas das políticas públicas importantes. A saúde não apresentou melhorias este ano, apesar de ser um problema complexo. A violência está fora de controle, e a educação enfrentou muitos problemas gerenciais, como na merenda escolar. Recebi denúncias de escolas em Arcoverde onde os alunos estão fazendo provas online em casa por falta de papel, e nem todos têm computador. São problemas gerenciais graves e inaceitáveis para um ano de governo.
Portanto, acredito que este primeiro ano da governadora Raquel Lyra foi marcado por uma administração que não funcionou adequadamente. As decisões foram lentas, a implementação das políticas enfrentou dificuldades, e ela permaneceu muito focada no passado, em uma postura rancorosa. Parece que não conseguiu descer do palanque, enquanto a oposição já o fez há muito tempo. Geralmente, a oposição fica em campanha permanentemente, mas em Pernambuco é o contrário. A oposição quer que o governo funcione, que a saúde melhore, pois sempre haverá necessidade de melhorias em áreas como saúde, educação e segurança. Espero que no próximo ano ela use menos o retrovisor e mais o farol, olhando para frente e esquecendo o que ficou para trás.

Pergunta: O senhor é um aliado do governo Lula, sua esposa, Luciana Santos é ministra da Ciência e Tecnologia. Qual é sua avaliação do primeiro ano do governo Lula?
Resposta: Diferente de Raquel Lyra em Pernambuco, Lula encontrou um país destroçado, com políticas públicas desmanteladas. Houve um grande retrocesso (no governo Bolsonaro) em áreas importantes como habitação, onde programas como o Minha Casa Minha Vida deixaram de existir, assim como em políticas sociais. Na área de ciência e tecnologia, que mencionou com relação a Luciana, houve um esvaziamento total. Lula teve, e ainda tem, o desafio de reconstruir e retomar essas políticas, como o Minha Casa Minha Vida e as políticas sociais, além de reinvestir em ciência e tecnologia. Foi um ano de reconstrução.
Sob a gestão de Lula, o Brasil recuperou seu protagonismo internacional e o respeito da comunidade internacional. Na minha avaliação, o governo tem sido bem-sucedido. Outro aspecto importante é a mudança no clima político do país. Com Lula, voltamos a ter a expectativa de viver em um país sem um presidente que acorda todos os dias para insultar ou provocar alguém, algo comum no governo anterior (governo Bolsonaro). O Brasil estava se desintegrando socialmente, com famílias e amizades se desfazendo devido à radicalização política. Foi um retrocesso civilizatório.
O governo Lula também tem desempenhado um papel importante em restabelecer um convívio civilizado, longe da raiva e rancor, distanciando-se da cultura da ‘arminha’. Precisamos de muitas coisas no país antes de ‘arminhas’ ou de um tom bélico na convivência. Acredito que o governo Lula tem sido e será ainda mais importante nesse sentido, e tenho certeza de que vai progredir ainda mais daqui para frente.
Pergunta: Retomando tema da sua atividade parlamentar, nas últimas semanas, o senhor tem feito denúncias relacionadas à administração atual do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), liderado por Joaquim Neto (PSDB). Poderia detalhar essas denúncias?
Resposta: Primeiramente, é importante esclarecer que o IPA enfrentou muitos problemas, e eu considero que foi um dos pontos fracos do governo de Paulo Câmara. Havia uma política equivocada, na minha visão. Sob a atual gestão, a situação piorou, pois não houve ações para reparar os problemas existentes. Recebo constantes denúncias de funcionários e pessoas ligadas ao órgão. A primeira delas se refere ao atual presidente, que, segundo as denúncias, pratica assédio moral, é grosseiro e desrespeitoso com os funcionários, o que é inaceitável em qualquer contexto.
Outra denúncia que recebi foi sobre uma viagem aos Estados Unidos, realizada pelo presidente e alguns técnicos, sem que fossem prestadas contas do que essa viagem agregou ao IPA. Também houve uma denúncia sobre um evento em Gravatá, supostamente uma reunião de avaliação, que mais parecia um pré-lançamento de candidatura, custeado com dinheiro público, cerca de seiscentos mil reais. Fizemos essa denúncia pública, e a governadora mandou cancelar o evento.
Há também a denúncia da FIPAGRI, uma feira de produtos da agricultura familiar, com custos que podem chegar a quase dois milhões de reais, um valor absurdo. Estou analisando o relatório sobre essa feira e já pedi informações ao governo estadual. Estou conversando com secretários preocupados com essa situação para estudar a procedência das informações e tomar as medidas judiciais adequadas.
Recentemente, descobrimos que o locutor da rádio de Joaquim Neto exerce um cargo comissionado no IPA, recebendo quase 4 mil reais por mês para servir a outros propósitos, não relacionados ao Instituto Agronômico de Pernambuco. Temos outros nomes de pessoas em situação semelhante, penduradas em cargos comissionados do IPA. Como gestor em Gravatá, Joaquim Neto foi nulo, nada construiu ou apresentou, agora, leva para o IPA este mesmo tipo de atuação.
Pergunta: Nas eleições de 2022, o senhor obteve mais de 44 mil votos para deputado estadual, sendo mais de 14 mil de eleitores de Gravatá, aproximadamente 30% do total. A que o senhor atribui esse sucesso eleitoral em Gravatá?
Resposta: Há 20 anos atrás, quando cheguei em Gravatá, meu objetivo era me afastar da política. Na época, eu era vereador no Recife e buscava um lugar tranquilo para reunir a família e amigos. Portanto, minha vinda para cá não foi com intenções políticas, mas para um descanso das atividades políticas. Contudo, é difícil se desligar completamente. Sendo líder do governo Eduardo Campos na Alepe, fui procurado pelo então prefeito de Gravatá, Ozano Brito, que eu não conhecia, solicitando ajuda em algumas questões locais junto ao governo do estado.
Comecei a me envolver com as questões de Gravatá, abordando temas como água, saúde, estradas e parques. Meu mandato se tornou um instrumento para reivindicar melhorias para a cidade. Acredito que essa dedicação foi fundamental para a votação expressiva que recebi. As ações que desenvolvi trouxeram frutos positivos para Gravatá, e não menciono isso por vaidade, mas por entender que cumpri meu dever. O reconhecimento da população quanto ao cumprimento desse dever, creio eu, é o que me rendeu essa votação.
Além disso, Gravatá enfrentava uma política muito atrasada sob gestões anteriores. Participei ativamente do movimento que elegeu o padre (Joselito Gomes) à prefeitura, um esforço coletivo e não apenas individual, visando melhorias para a sociedade gravataense. Alguns avanços foram alcançados, mas há aspectos que precisamos revisar para continuar melhorando. Acredito que essa votação é reflexo das resoluções efetivas que conseguimos para a cidade e também da generosidade do povo de Gravatá.

Pergunta: Quais são os aspectos negativos que o senhor identifica no governo Joselito Gomes?
Resposta: No governo de Joselito Gomes, identifico tanto falhas quanto avanços. Os avanços são resultado de um conjunto de esforços, incluindo o prefeito e muitas outras pessoas. No entanto, há falhas significativas. Muitas queixas que chegam até mim são relacionadas ao relacionamento do governo com a sociedade e com as pessoas internamente. Há relatos frequentes de dificuldades de relacionamento e de pessoas sendo preteridas por questões pessoais menores. Esse tipo de coisa não é produtiva e não ajuda no desenvolvimento da administração.
Pergunta: Então, o senhor acredita que os problemas são mais de natureza política?
Resposta: São questões relacionadas ao gerenciamento de relacionamentos pessoais que interferem na política e na gestão, criando um clima interno negativo.
Pergunta: Em áreas como saúde e educação, o senhor observa problemas?
Resposta: Na saúde, houve uma queda significativa, o que me preocupa. Em áreas onde houve avanços, muitos se devem ao apoio externo, como no caso da recuperação de estradas com a contribuição de Sebastião Oliveira (ex-deputado federal). Não sei se essas melhorias continuarão ou se só acontecerão perto da próxima eleição. Há falhas também no gerenciamento da saúde, o que é evidente pelas informações que recebo quase diariamente. Além disso, estou preocupado com a política de ordens de serviço, que só é eficaz quando o serviço é iniciado imediatamente. Não é uma crítica, mas sim uma preocupação quanto ao grande volume de ordens de serviço que tenho observado. É mais uma preocupação do que uma crítica.
Pergunta: Após a renovação do seu mandato na Alepe, diversas figuras ligadas ao senhor, como Lucas Noia, então chefe de gabinete, Edson Souza, então secretário de saúde, e até o vice-prefeito Junior Darita, então secretário de turismo, foram exonerados de seus cargos. Como o senhor avalia esse movimento?
Resposta: Eu avalio essa situação de forma muito negativa. Embora um gestor tenha a responsabilidade e o direito de estruturar sua equipe com pessoas que considera adequadas para determinadas funções, é fundamental entender que a política é uma atividade coletiva. Não se chega a nenhum cargo pensando que foi por méritos pessoais exclusivamente. Minha eleição, por exemplo, é resultado de um esforço coletivo. Portanto, ao exercer meu mandato, tenho consciência de que não ocupo um espaço privado, mas um espaço político.
Reconheço que qualquer gestor, assim como eu no meu gabinete, tem o poder de formar sua equipe com pessoas que acredita que contribuirão para o cumprimento de seus compromissos. Porém, isso não deve ser feito com uma visão privatista, desconsiderando o caráter coletivo e a contribuição de cada um. No caso específico das exonerações que você mencionou, fui contra não pela prerrogativa do gestor de fazer mudanças, mas pela maneira como foram feitas. Achei que as exonerações foram desrespeitosas com pessoas que contribuíram para a campanha eleitoral e para o sucesso da gestão.
Por exemplo, o ex-secretário Edson foi um vetor importante de prestígio popular no início da gestão, especialmente na área da saúde, com realizações como a UPA e a recuperação do hospital. Não estou dizendo que ele era intocável, mas se houvesse a necessidade de mudança, deveria ter sido feita com respeito ao profissional e ao seu trabalho pela gestão. Isso vale para todos. Não se pode agir como se a prefeitura fosse uma empresa privada. A ação política é coletiva e reflete um sentimento compartilhado. Esse sentimento coletivo não pode ser esquecido para fazer prevalecer sentimento individual de quem quer que seja. Nem mesmo do prefeito que recebeu o voto. Muito menos de qualquer outra pessoa que não tenha recebido voto.

Pergunta: Na sua opinião, o sentimento de quem está prevalecendo atualmente na gestão?
Resposta: Quero acreditar que o sentimento que está prevalecendo seja o do responsável pela gestão, o prefeito Joselito Gomes. Afinal, quando uma decisão é tomada, seja ela inspirada ou orientada por razões que não conhecemos completamente, o que importa é que a responsabilidade maior recai sobre o gestor principal. É ele quem deve responder pelas ações e decisões tomadas.
Pergunta: Sobre o caso do vice-prefeito Darita…
Resposta: É um bom exemplo disso. Darita era pré-candidato na eleição passada. Ele é um político de Gravatá, conhecido e respeitado, com atuação e história respeitáveis. Naquela ocasião, nós o procuramos para propor uma aliança, pois era importante. Então, conforme a expressão “A César o que é de César”, devemos analisar as coisas como elas realmente são. Propusemos a aliança a Darita, ela foi aceita e vencemos a eleição. Ele então integrou a equipe de governo, como havia sido acordado. Contudo, na minha avaliação, ele enfrentou resistência dentro do governo desde o início, o que não foi uma postura correta. Se era para ter resistência à sua presença, não deveríamos ter conversado com ele antes da eleição. Não estou dizendo que Darita, ou qualquer outra pessoa, não pudesse ser realocado se o prefeito considerasse necessário, mas as mudanças precisam ser feitas com respeito. Isso vale para todos. Não se pode agir dessa maneira, discriminando internamente, como foi feito. Nesse sentido, expresso toda a minha solidariedade a Darita.
Pergunta: O senhor acha que Darita foi traído?
Resposta: Ele foi desrespeitado nas suas condições de vice, aliado e secretário. Não foi tratado com o respeito que merecia. Não sei se o termo correto seria traição, mas a resistência a ele desde o início do governo não foi correta. Ninguém é intocável, e a atitude correta seria construir em conjunto, em vez de criar obstáculos e discriminar internamente, como ocorreu.
Pergunta: Após as eleições de 2022, observa-se um afastamento entre o senhor e o prefeito Joselito Gomes. Antes, o senhor marcava presença em inaugurações e eventos institucionais, mas agora parece haver um distanciamento. Essa impressão é correta?
Resposta: O prefeito Joselito Gomes tomou uma série de medidas importantes e fez questão de deixar claro que não desejava minha opinião sobre esses assuntos. Por exemplo, na exoneração de funcionários da saúde, não foi a exoneração em si, mas a maneira como foi feita que mostrou essa posição. Há várias condutas cotidianas na prefeitura nas quais eu poderia ajudar, mas ele tem demonstrado que não quer minha participação. Sobre Lucas Noia, que trabalha comigo há muitos anos, nunca exigi que ele fosse para a Prefeitura de Gravatá. Foi o próprio prefeito que solicitou sua colaboração, mas na hora da exoneração, agiu de maneira abrupta. Esses sinais indicam que ele não deseja minha participação. Como minha mãe me ensinou, não devemos entrar em casas onde não somos bem-vindos.
Pergunta: As relações políticas do senhor com Joselito Gomes foram rompidas?
Resposta: Não, pois este projeto é maior do que eu ou ele; não pertence a nenhum de nós. O projeto político de Gravatá, do qual ambos fazemos parte, não é meu nem dele, mas coletivo. Porém, no cotidiano da gestão, devido às várias demonstrações de que minha participação não é bem-vinda, eu não estou envolvido. Não sou uma pessoa de apenas participar de inaugurações ou lançamentos de ordens de serviço. Eu acredito na escola de Eduardo Campos, onde uma ordem de serviço significava o início imediato do trabalho. Não participo apenas de eventos, mas de gestão. Estou à disposição para contribuir com o projeto político de Gravatá, ao qual sou fiel há mais de dez anos, mas só entro em ambientes onde sou bem quisto.

Pergunta: A partir dos expressivos resultados eleitorais que o senhor obteve em Gravatá, circula nos bastidores a possibilidade de sua candidatura à prefeitura da cidade. Essa pré-candidatura é uma realidade ou apenas especulação?
Resposta: Não, não é uma realidade. Fui eleito deputado estadual com uma votação muito expressiva em Gravatá, talvez até uma votação recorde. Tenho uma grande responsabilidade com meu mandato de deputado estadual, que não se limita apenas a Gravatá, mas se estende a outros municípios também. Estou, modestamente falando, satisfeito com o meu primeiro ano de mandato, que considero muito produtivo, cumprindo meu papel. Portanto, não incluo a disputa pela Prefeitura de Gravatá em meu projeto pessoal para o próximo ano.
Como político, sempre atuei em grupo e nunca coloquei minhas avaliações pessoais ou projetos acima do entendimento coletivo. Minha avaliação pessoal é a de que estou cumprindo um bom mandato como deputado estadual, com responsabilidades perante o estado. Sou uma pessoa que faz política em grupo e estou aberto a discutir qualquer perspectiva com o grupo, mas isso não significa que exista uma candidatura ou pré-candidatura definida. Estou aberto a dialogar com o grupo sobre qualquer perspectiva, mas sem uma candidatura concreta.
Pergunta: Então, o senhor não descarta nenhuma possibilidade no cenário político?
Resposta: Um político nunca deve descartar nenhum cenário. No entanto, na minha avaliação e maneira de ser, projetos pessoais não devem prevalecer sobre projetos coletivos.
Pergunta: Existe a possibilidade de uma recomposição com Joselito Gomes?
Resposta: Não considero que seria uma recomposição, pois não tive problemas pessoais com ele. Minhas observações são críticas, mas acredito que na vida é preciso estar aberto para ponderar críticas e buscar melhorias. Se houver um entendimento de que devemos revisar e superar falhas, claro que estaria disposto a participar desse movimento.
Pergunta: Um de seus principais aliados em Gravatá é o atual presidente da Câmara, o vereador Léo do Ar (PSDB). Há rumores de que ele estaria entusiasmado com uma possível candidatura sua à Prefeitura de Gravatá. O senhor o considera um aliado neste processo? Ele poderia fazer parte de um grupo político com o senhor para uma eleição municipal?
Resposta: Léo do Ar é alguém que inicialmente não fazia parte do meu campo político. Com o tempo e as práticas políticas, acabamos nos aproximando e hoje fazemos parte do mesmo movimento político em Gravatá. Esse movimento não é uma entidade formal, mas sim um sentimento compartilhado por muitas pessoas. Léo é um exemplo dessa aproximação. Ele veio de um campo diferente, mas as práticas políticas nos uniram. Não posso falar por ele no que diz respeito às suas opiniões ou se ele apoia uma situação ou outra. Pelo que converso com ele, sei que compartilhamos observações sobre aspectos da gestão que precisam de melhorias. Se isso o leva a apoiar uma candidatura ou não, é algo que você deve perguntar a ele. Não posso falar em nome de ninguém.
Pergunta: Alguns nomes, como os vereadores Bruno Sales e Léo Giestosa, já se apresentam como pré-candidatos a prefeito de Gravatá. O senhor estaria disposto a dialogar com eles para uma possível composição política?
Resposta: Minha pré-candidatura não está colocada, é importante deixar claro. Na política, eu nunca me nego a dialogar com ninguém. Com mais de 30 anos de experiência política, e uma militância desde a juventude, tenho convicções firmes e sei exatamente o que busco na política e o tipo de gestão que considero correta. Portanto, qualquer aproximação com outros políticos não vai abalar minhas crenças. Estou aberto a conversar com quem desejar dialogar dentro dos princípios que acredito serem corretos, como a forma de gerir a coisa pública, a relação com a equipe de governo e o relacionamento com a sociedade em geral. Minhas convicções são sólidas e não serão alteradas por conversas com A ou B. No entanto, se essas pessoas estiverem dispostos a entender e dialogar dentro desses princípios que valorizo, estou aberto a conversar.
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